No seguimento da criação dos Living Labs, o FIRE-RES prevê a implementação de estratégias e ações, aplicadas tanto a nível local como regional e que sejam generalizadas para utilização como instrumentos de governança à escala global e nas mais diversas condições.
De forma a garantir a participação de todas as partes interessadas, o FIRE-RES propôs a criação de Comunidades de Inovação em Incêndios Rurais (CWI – Community of Wildfire Innovation) em cada um dos Living Labs. Subjacente à missão do projeto, é crucial promover uma relação de proximidade e colaboração entre os diversos membros da CWI, na medida em que a sua participação é essencial para uma melhor compreensão do estado da gestão integrada de fogos e para a construção de uma visão comum para uma paisagem mais resiliente aos incêndios em 2030. No caso português, a CWI é constituída por atores estratégicos, com maior abrangência na gestão integrada da floresta e do fogo, e por atores operacionais, diretamente envolvidos nas ações de inovação a implementar nas áreas de demonstração.
Paralelamente, será importante para compreender os desafios e lacunas do sistema de gestão integrada de fogos rurais, em curso na Lousã e no Vale do Sousa, percebendo de que forma o FIRE-RES poderá responder aos desafios mais emergentes. Este passo exige que a CWI em cada Living Lab saiba exatamente onde está (diagnóstico da visão atual) e, principalmente, onde pretende chegar (o cenário ideal numa visão do futuro).
O CoLAB ForestWISE e o ISA organizaram reuniões preliminares com as partes interessadas que integraram a CWI, a 21 e 24 de outubro, nas duas áreas de demonstração do Living Lab Português, em Penafiel e Lousã, com o apoio da Associação Florestal do Vale de Sousa e da Escola Nacional de Bombeiros, respetivamente, para concretizar presencialmente esta Comunidade e apresentar o projeto FIRE-RES, bem como as ações de inovação a serem implementadas em Portugal.
O primeiro workshop da CWI decorreu no dia 4 de novembro, no Ecomuseu da Lousã, contando com 34 participantes, representados por várias entidades do setor público e privado, proprietários florestais, organizações não-governamentais e universidades. Organizado pelo CoLAB ForestWISE e pelo ISA, e com o apoio do Município da Lousã, este evento permitiu a partilha de conhecimento e perspetivas sobre a gestão integrada do fogo, tendo em conta a atividade de cada participante, e reuniu um consenso para as diversas dimensões presentes numa paisagem mais resiliente aos incêndios.
Na sessão da tarde, os participantes constituíram grupos multidisciplinares distribuídos pelas três fases do ciclo do fogo: prevenção e preparação, deteção e resposta, adaptação e restauro. Nesta sessão os participantes puderam refletir sobre os desafios atuais e o caminho a percorrer, considerando as mudanças necessárias para chegar às soluções, e percebendo de que forma o projeto FIRE-RES, com o leque de ações de inovação, pode responder a esses mesmos desafios.
A morosidade do restauro pós-fogo, a ausência de gestão conjunta, a remuneração de serviços de ecossistema e a reduzida rentabilidade económica das atividades florestais foram alguns dos desafios discutidos. No campo de possíveis soluções, surgiu a criação de condições para a rápida resposta dos agentes de combate, a existência de incentivos ao emparcelamento, com objetivos comuns, e a existência de um apoio financeiro para as atividades de remuneração de serviços de ecossistema.
As dinâmicas do workshop criaram um debate enriquecedor, que se revelou curto para as complexas questões abordadas pelo projeto FIRE-RES. Atualmente formada por 51 membros presenciais, a CWI está implementada em Portugal, estando também lançadas as condições para que os próximos eventos e encontros de demonstração das ações de inovação se traduzam num caminho colaborativo e coeso que contribuirá efetivamente para uma melhor gestão integrada do fogo e para a construção de uma paisagem resiliente ao fogo.