O REACT MORE – Projeto Ação de Reflorestação e Combate à Desertificação de Moreirolas, juntou, ontem, diversos especialistas para discutir a temática da desertificação.
Decorrida no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, a Jornada Itinerante REACT MORE: Da desertificação à valorização da floresta, contou com a presença de diversos investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), assim como, representantes de empresas ligadas ao setor da cortiça e do aproveitamento da bolota. Marcaram também presença, os promotores do projeto José Gaspar, Presidente da Florestgal, Carlos Fonseca, CTO do CoLAB ForestWISE, Armando Pacheco, Presidente da Associação de Produtores Agrícolas Tradicionais e Ambientais (APATA), e Carlos Condesso, Presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo.
O presidente da FlorestGal, José Gaspar, referiu a necessidade de criar sistemas florestais capazes de se adaptarem às alterações climáticas, com uma gestão adaptativa que permita fornecer diferentes bens e serviços relevantes para a sociedade. Destacou também o caráter exemplar do REACT MORE e a capacidade dos mecanismos de monitorização testados constituírem um protótipo aplicável a outros projetos, salientando a necessidade de se transformar e recuperar espaços como a Quinta de Moreirolas, através da utilização de espécies autóctones e mais resilientes. Já o CTO do CoLAB ForestWISE, Carlos Fonseca, realçou que projetos como REACT MORE e ações como esta, são fundamentais para consciencializar o público para o fenómeno da desertificação e para o trabalho que pode ser feito ao nível da gestão agroflorestal, nomeadamente a adaptação de espécies como o sobreiro, que trazem reais benefícios socioeconómicos ao território. Por fim, Armando Pacheco, da APATA mencionou a necessidade dos produtores se adaptarem às alterações climáticas, de forma a manter a rentabilidade das suas atividades, gerando mais empregos e oportunidades de negócio na agricultura.
Esta ação de sensibilização contou com uma visita conjunta a diversos locais do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, onde foram observadas boas e más práticas florestais que podem contribuir para mitigar ou aumentar os efeitos da desertificação. O evento decorreu num formato itinerante e culminou num workshop sobre o aproveitamento e valorização de produtos locais associados à floresta na gastronomia.
No arranque da Jornada Itinerante, os participantes contaram com a intervenção de João Santos, Professor Catedrático do Departamento de Física da UTAD, e João Cabral, Professor Associado do Departamento de Biologia e Ambiente da UTAD, que falaram sobre alterações climáticas, nomeadamente a sua influência nas atividades agroflorestais. Na estação temática seguinte, Tomás Figueiredo, Professor Coordenador do IPB, falou sobre os solos e a influência da desertificação nos mesmos. Na etapa seguinte, Mário Santos, Professor Auxiliar no Departamento de Biologia e Ambiente da UTAD, falou sobre Biodiversidade, nomeadamente os seus benefícios e as consequências de um território com baixa biodiversidade. A última estação ficou a cargo de Emília Silva, Professora Auxiliar da UTAD, no Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista, e Rita Beltrão Martins, cofundadora da Terrius, uma empresa de agroturismo alimentar sedeada no Alto Alentejo, e Francisco Carvalho, Administrador Executivo da Amorim Florestal e Administrador do CoLAB ForestWISE, que falaram sobre a valorização socioeconómica do território, nomeadamente a adaptação do sobreiro à região, potencialidades do uso da cortiça e a sua importância para estes territórios, ao nível socioeconómico, e a valorização do subproduto da azinheira, a bolota.
Nesta ação de sensibilização, o REACT MORE mobilizou ainda os representantes do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, diversos presidentes de juntas de freguesia do concelho, entre outras entidades e organizações comprometidas com o estudo do fenómeno da desertificação, das alterações climáticas, da valorização da floresta e do desenvolvimento sustentável do espaço rural.